Poesia: Mata cavalo
Robledo Carlos (de Divinópolis/MG)

Ele corria meio que de galope, ouvia-o ao longe.
Entre vales e cachoeiras não haviam barreiras que ele não pudesse transpor, e, nem tão pouco, retroceder.
Mas eram sempre as areias brancas o seu rastro.
A galopar.
Nunca foi fácil, mas era assim que tinha que ser, uma vida corrida e em outras não.
Era romântico vê-lo em calmaria a passar pela relva à margem, no mais, levava assim como uma carruagem restos dele mesmo.
Mas nunca se levantou poeira, em dias maiores vapores saíam entre frestas.
Ventos, brisas e em suas ventas fôlego e força.
Te vejo em um quadro na velocidade de uma cachoeira a saltar obstáculos de vida.
Agora cheira a urina e água podre, carece cuidados, agoniza.
Já não há mais galopes, nem claridade em suas lágrimas.
Pobre vida.
Era visto como veloz, talvez riquezas e vida em abundância.
Lixo é o que sou.
Nem mais os pés de homens um dia e nem asas de um cavalo alado.
Ele ainda voa, ao lavar o rosto do homem, se mata o cavalo.