Poesia: Ventos em diário

Robledo Carlos (de Divinópolis/MG)

Poesia: Ventos em diário
Robledo Carlos é representante comercial




E o vento que folheia o diário em busca de segredos.

Curioso a desvendar.

E nem meu que era, mas eu quisera.

Tramela bamba de prego em janela.

Vento furtivo em folhas brancas ou escritas, talvez, sem ter meus olhos em correção.

Assopra, assovia e canta.

Talvez até chorasse se preciso fosse.

Eu em busca de respostas.

Veio ao vento, em papel de chiclete.

Era manhã, de adormecido em busca.

Perdido em sonhos, queria estar em seu pensamento nesse exato momento que leio em resposta tardia, ainda em cheiro de tutti-fruti, talvez tenha tido um beijo seu.

Talvez nem o seria para mim.

Mas o tempo passou, tardio, veio a brisa a folhear o bilhete que deixaste.

Vento, foste o carrasco de minha espera, nessa manhã de clareza e vendavais.

Procurei-te em todos os sinais possíveis.

Moravas perto do rio e nem a correnteza levou.

Me dê a minha alegria de volta.

Agora liberto do amor que meu coração guardou com estupidez e pureza que podia te dar, areja este meu coração em mofo.

Oh vento, em que tempo vive? Deixaste-me a entrever em sofrimento sem fim.

Agora invade em saudade e eu, já sem fôlego como em um filme, sem deixar o tempo mentir, tardio e cruel.

Meu travesseiro, o grande criador de sonhos chora, é o fim, o tempo e eu em busca de papéis ao vento.

Ele uiva em frestas e eu ao luar.