Polícia Civil desmonta fábrica irregular de suplementos no Água Vermelha
Mais de uma tonelada de material foi apreendido

A Polícia Civil de Formiga desmontou na tarde de sexta-feira passada, dia 7, uma fábrica irregular de suplementos alimentares no Bairro Água Vermelha. Nesta segunda-feira, dia 10, o delegado Emmanuel Robson Gomes concedeu coletiva de imprensa e explicou toda a operação.
Segundo Emmanuel, a polícia chegou à fábrica, que funcionava na antiga Vale D’ouro, depois de receber um vídeo que mostrava como ocorria os procedimentos de produção dos alimentos. “Esse vídeo foi encaminhado por uma mãe de funcionário que não foi pago pelo serviço ofertado. E o vídeo mostra trabalhadores de chinelo, sem luvas, chutando caixas, brincando e falando palavrões. Os relatos que temos é de que o local de trabalho é uma bagunça e que os proprietários não pagam os funcionários nem os entregadores”, contou.
O delegado informou que os proprietários do empreendimento são um casal, uma mulher de 37 anos, natural de Formiga, e um homem de 33 anos. Eles residem em Belo Horizonte e até o momento não se apresentaram à polícia. “Estou dando um prazo até amanhã para esse casal se apresentar, caso contrário, vou pedir a prisão preventiva deles”, disse.
Na sexta-feira, quatro pessoas foram detidas na ação da polícia e apreendida mais de uma tonelada de material, desde embalagem, maquinário e matéria-prima para fabricação de Whey Protein, colágenos e fitoterápicos. “Eu pesquisei como funciona uma fábrica regular de suplementos e não há contato manual nenhum com os produtos, não existe isso de pote aberto, açúcar cristal, granulados. Esse tipo de produto é caro e as pessoas estão achando que estão pagando por algo saudável e feito em lugar salubre, mas não é verdade, são produtos adulterados”, alertou.
Emmanuel relatou que a fábrica está em funcionamento em Formiga desde 2021. “Em julho de 2024, ela foi interditada pela Vigilância Sanitária da cidade e, mesmo interditada, atuava normalmente. Durante a ação, verificamos que a fábrica não tem data de registro e estaria falsificando as marcas dos produtos. Há marcas nacional e importada. Perguntei a uma das detidas se tinha o contrato de autorização dessas empresas para fabricar esse material e ela me respondeu que não tinha, mas que o empreendimento estava se adequando para ter. Então, a gente entende que não tinha. É um material de origem duvidosa e não tem o aval da Vigilância Sanitária Municipal e quem sabe estadual e da Anvisa. Entendemos que estão fazendo os produtos e vendendo de forma direta.”
VENDAS ILIMITADAS
De acordo com Emmanuel, o que assustou a polícia foi a quantidade de pedidos que a fábrica tem para entregas de produtos em supermercados e lojas de produtos naturais de Formiga, em Minas e no Brasil. “A empresa tem site e perfis no Instagram e no Facebook e eu já vou solicitar de imediato o bloqueio deles. As vendas são ilimitadas. Tem pedido lá de R$ 40 mil. É um empreendimento irregular que está movimentando muito dinheiro. E é um lugar sujo, com mal cheiro e produtos abertos e vencidos”, destacou.
O delegado afirma que a matéria-prima encontrada na fábrica para produção dos suplementos passará por análise. “Mas independentemente do resultado da perícia, a fábrica não poderia estar funcionando nas condições que está. Se houvesse alguma linha de legalidade, alguém já teria me apresentado algum documento, mas ninguém me ligou, ninguém me procurou.”
Em relação à revenda dos produtos, Emmanuel informou que fará um levantamento de todos os locais que estão comprando produtos desse empreendimento e pedirá a retirada imediata deles. “Se eles têm conhecimento da origem desses produtos, terão que responder por isso, porque estão comercializando produtos falsificados. É muita gente envolvida nesse negócio, podemos dizer que há uma organização criminosa, com tarefas divididas, por trás disso’.
Além da falta de asseio, a fábrica funcionava com produtos abertos e vencidos - Fotos: PCMG / Divulgação
O delegado Emmanuel Robson Gomes durante coletiva de imprensa