‘Pouca gente pra muito frio’

Sensibilidade e empatia são características necessárias para que a vida em sociedade seja plena. Procurar estar de bem com todos e se preocupar com o outro e com suas possibilidades de felicidade é que faz com que a existência do ser humano valha a pena.
Do lado contrário, o “nem aí”, a arrogância e apatia colocam uma significativa parcela de cidadãos em uma categoria necessariamente desprezível para que o mundo seja melhor.
De uns dias pra cá, têm chegado à redação de “O Pergaminho” alguns prints de grupos de WhatsApp onde os comentários a respeito de entidades e pessoas que se entregam a causas sociais são questionadas e criticadas.
As agressões verbais de algumas personalidades vão sempre batendo de frente das ações daqueles que fazem pelo próximo sem se importar se o próximo cumpre ou não determinados preceitos que se imaginam relevantes. Os comentários vão desde “se der uma enxada para capinar não querem” até “esses vagabundos que moram na rua pedem dinheiro é para tomar cachaça”.
Quem consegue ter uma visão da alteridades social, dos valores que permeiam as diversas classes populares, que acabam sendo verdadeiras castas desprivilegiadas, não aceita os argumentos elitistas de quem propaga a meritocracia sem ter a mínima noção de que há os que saem na frente porque nasceram em condições melhores e tiveram oportunidades maiores.
Agora, em pleno junho com o frio ameaçando ser cruel, fazem ataques a quem se dispõe a doar um cobertor, um prato de sopa ou uma caneca de leite quente.
Ninguém passa frio porque quer, ninguém passa fome porque é bonito, ninguém se humilha pedindo um trocado porque é uma grande conquista e porque é esse o seu grande objetivo de vida.
O que se pode ter certeza é de que nunca é pouca gente pra muito frio. Muito mais pobre do que os pobres que mendigam e perambulam são os pobres de alma e de sentimento.