Professora é ‘esmurrada’ por aluno no Tonico Leite
Estudante de 15 anos se irritou após a docente Marcele Araújo Ferreira ter se recusado a passar um filme que havia prometido

Que o Brasil é um país com alto índice de violência escolar todo mundo sabe, porém, em uma cidade como Formiga, isso era quase que inimaginável. No entanto, na segunda-feira passada, dia 27 de maio, um simples pedido para que um aluno de 15 anos buscasse um controle remoto acabou fazendo com que a professora de Química Marcele Araújo Ferreira, que leciona na Escola Estadual Professor Tonico Leite (GOT), fosse agredida fisicamente pelo estudante, que chegou a dar murros na cabeça dela. O caso causou espanto e indignação em toda a comunidade escolar.
Em entrevista a “O Pergaminho”, Marcele, que tem mais de 15 anos de experiência como professora, disse que espera que os profissionais da educação e os estudantes possam contar com maior segurança no ambiente escolar, e que as leis sejam mais rígidas a esse respeito.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, ela relatou como aconteceu a agressão: “Não teve embate, não teve discussão, simplesmente um aluno descontente com um ‘não’ recebido. Eu disse que ia passar um filme sobre a matéria proposta, mas eu não consegui passar porque demorou demais a achar o controle, então passei matéria e, no final da aula, 40 minutos depois desse ocorrido, esse aluno fala que eu o ‘passei pra trás’, que eu fiz ele buscar o controle e não passei o filme. Eu disse que na próxima aula nós iriamos assistir. Não teve briga, não teve xingamentos. Aí ele falou: ‘vontade de te esmurrar’. E eu, acreditando tratar-se de uma brincadeira, falei: ‘uai pode vir’, e fui saindo da sala, porque eu realmente achei que era uma brincadeira. E ele veio”.
Segundo a professora, o aluno, que tem uma estatura maior que a sua, comprimiu o seu rosto contra o peito dele, chegando a entortar os óculos que ela usava, e passou a esmurrar sua cabeça. Marcele começou a se defender, empurrar e pedir pra soltar, o que aconteceu depois de uns 15 segundos de agressão.
A cena foi presenciada por diversas testemunhas na sala de aula e está registrada nas câmeras da escola. De acordo com a professora, que registrou Boletim de Ocorrência, as imagens vão ser disponibilizadas para o Ministério Público. Ao jornal, ela garantiu que vai lutar até o fim. “Estou cobrando minha segurança em sala de aula; que os professores tenham dignidade para trabalhar; que eu possa virar para um quadro sem ter medo de ser agredida novamente por um aluno”.
Marcele contou que o aluno segue frequentando as aulas e que não recebeu nenhuma punição pedagógica da escola. “Não vou desistir de dar aulas, não vou tirar licença, porque a sala de aula é a minha paixão, é o que eu nasci pra fazer, é o que eu estudei. Não vou deixar de fazer o que eu gosto por causa de agressões. Não vou aceitá-las e vou lutar para que não aconteçam mais”, finalizou.
NOTA DA SEE-MG
Procurada para se posicionar sobre o fato, a Secretaria de Estado da Educação (SEE-MG) enviou a seguinte nota à redação:
“Sobre o ocorrido na Escola Estadual Professor Tonico Leite, em Formiga, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que a direção da unidade de ensino tomou todas as providências previstas na legislação, sob orientação da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Passos, responsável pela coordenação da escola.
A gestão escolar reuniu-se com a professora e os responsáveis pelo estudante ainda na segunda-feira, 27. A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG) foi acionada e um boletim de ocorrência foi registrado. O caso também foi encaminhado ao Conselho Tutelar do município e ao Ministério Público. A direção escolar segue colaborando com as autoridades competentes para a averiguação do caso.
Profissionais do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE), formado por psicólogos e assistentes sociais, iniciam na próxima segunda-feira, 3 de junho, o acompanhamento da situação e apoiarão no diálogo em combate a atos ou discursos de violência, incompatíveis com o ambiente escolar.
Para melhoria do clima escolar na unidade de ensino, uma Especialista da Educação Básica (EEB) acompanhará as atividades pedagógicas do estudante, bem como dará o apoio necessário para preservar a integridade da professora. Além disso, o Serviço de Inspeção Escolar da SRE Passos já está apurando os fatos para orientar quanto às medidas necessárias.
Por fim, a SEE/MG reforça que o caso está sob a investigação dos órgãos de segurança competentes.”