Questões de protocolo

O time da casa pode perder por até três gols de diferença que mesmo assim será campeão, porém está ganhando de cinco a zero. Faltam apenas dois minutos para terminar, o time adversário já desistiu, a torcida visitante já foi embora mas, ignorando tudo, o juiz não termina a partida, por uma questão de protocolo, ele espera o tempo regulamentar para dar o apito final.
Durante a segunda grande guerra, o Japão tinha em sua força aérea os kamikazes, eles eram os “mártires suicidas”. Enchiam seus aviões de bombas, levantavam voo, miravam nos navios da esquadra norte-americana e iam com tudo. Explodiam as bombas, os navios, os aviões e eles mesmos. Para cumprir protocolo, quando iam decolar, tinham de colocar capacetes bem apertados e cintos de segurança.
Nos Estados Unidos, nos estados onde há pena de morte por injeção letal, o carrasco aperta o braço do infeliz com um garrote de borracha e antes de enfiar a agulha passa um algodãozinho com álcool. Um protocolo que começa pouco tempo antes com o oferecimento do prato predileto do executado.
Em Formiga, é muito importante que as pessoas tenham atenção especial com os protocolos de convivência que devem ser utilizados. Foi capa nesta semana em “O Pergaminho” que moradores do Centro da cidade estão tampando bueiros e bocas de lodo com borrachas de pneus e até com lajotas, houve até fotos. Depois que edição circulou, houve quem se preocupasse com inundações em casas e comércio, mas também teve gente reclamando com a redação alegando que há mal cheiro e que não haveria problemas porque ainda “não está chovendo”. A situação se iguala a quem se nega ao protocolo de passear com seus rottweilers e pitbulls com focinheiras alegando que eles não mordem.
Há tradições nocivas que podem ser combatidas, há outras que devem permanecer por representarem identidade e cultura, mas protocolos são e serão sempre importantes, principalmente quando a sua existência representa não atazanar a vida do outro.