Dois casos de dengue hemorrágica em Formiga

Pacientes estão internados no CTI da Santa Casa

Dois casos de dengue hemorrágica em Formiga
Alguns dos sintomas da dengue hemorrágica são o sangramento pelo nariz, boca e gengivas - Foto: Reprodução/Otomed




Temida, a dengue hemorrágica é uma complicação do vírus da dengue e se caracteriza por alterações da coagulação sanguínea. Em Formiga, a Secretaria Municipal de Saúde informou que dois casos desse tipo da doença foram registrados nos últimos dias. Os pacientes, uma mulher e um idoso, estão internados no CTI da Santa Casa.

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue tem se multiplicado em Formiga. De acordo com a equipe de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da pasta, até a Semana Epidemiológica 8 de 2022, o índice de notificações por arboviroses (dengue, chikungunya e zika vírus) foi de 25,04%. No entanto, até a Semana Epidemiológica 8 de 2023, o índice é de 123,74% de casos notificados, o que mostra a gravidade da situação no município.

A Administração Municipal pede à população formiguense que intensifique as ações de combate ao mosquito transmissor. Conforme divulgado, a equipe de Endemias está atuante e já realizou o bloqueio de transmissão, que consiste em eliminar o mosquito adulto e, assim, evitar que novos mosquitos sejam infectados.

“Dentro dessa atividade foram realizadas, também, visitas domiciliares, com eliminação de criadouros, mutirões de limpeza e aplicação do ‘fumacê costal’. No entanto, é necessário que a população se sensibilize e entenda que a melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando água armazenada que pode se transformar em possível criadouro, seja em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas”, destacou a Prefeitura em nota.

 

A dengue hemorrágica

 

A transmissão da dengue ocorre, exclusivamente, através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Logo, a dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. Uma vez que o indivíduo é picado, a doença pode se manifestar de três a 15 dias. Existem quatro tipos de vírus causador da dengue com quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os demais.

Qualquer um dos quatro sorotipos da dengue pode causar a dengue hemorrágica. Dificilmente a complicação acontece quando a pessoa é infectada pela primeira vez, mas as chances aumentam na segunda, terceira ou quarta infecção.

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue clássica, a diferença é que a febre diminui ou cessa após o terceiro ou quarto dia da doença, além de surgirem hemorragias em função do sangramento de pequenos vasos na pele e nos órgãos internos.

Os sintomas são dor abdominal forte e contínua; vômitos persistentes; pele pálida, fria e úmida; sangramento pelo nariz, boca e gengivas; manchas vermelhas na pele; comportamento variando de sonolência à agitação; confusão mental; sede excessiva e boca seca; dificuldade respiratória e queda da pressão arterial.

Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória. A baixa circulação sanguínea pode levar a pessoa a um estado de choque, que quando não tratada, pode levar a pessoa à morte em até 24 horas.

Não há um tratamento específico para a dengue hemorrágica. É importante apenas tomar muito líquido para evitar a desidratação. Caso o paciente apresente dor e febre pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos quadros graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.

Risco de epidemia em Formiga

O primeiro LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti) de 2023, realizado de 23 a 27 de janeiro, apresentou índice de infestação predial de 5,5%, considerado de alto risco para epidemia de dengue no município. No levantamento anterior, realizado em novembro do ano passado, o índice foi de 3,0%, considerado de médio risco, ou seja, houve um aumento de 2,5%.

As estatísticas apontam que, resultados entre 0 e 0,9 enquadram o município em situação de “baixo risco”, de 1,0 a 3,9 é “médio risco” e acima de 4,0 é considerado “alto risco”.

O último LIRAa foi realizado em 1.845 imóveis, entre residências, terrenos baldios, comércios e outros. “A maioria dos focos foi encontrada nas residências, 81,1% do total. A porcentagem de recipientes com larvas positivas para Aedes aegypti dentro das casas é alto, isso mostra integralmente a ‘preferência’ do mosquito para desovar em ambiente residencial e o quanto a população ainda precisa melhorar as ações de prevenção”, informou a Prefeitura.

 

Sobre o mosquito

O mosquito transmissor da dengue tem hábitos residenciais, devido à sua preferência pelo sangue humano, por isso são encontrados muitos focos nas residências e em lugares “inusitados”, como tecido de guarda-chuva, tampinha de refrigerante, panelas jogadas no quintal, entre outros. Com isso, o Aedes aegypti completa seu ciclo o mais próximo possível do ser humano.

O transmissor deposita seus ovos em água parada, na parede dos criadouros, próximo à superfície da água e não diretamente nela, por isso a importância de passar escova ou bucha em recipientes que tiverem água parada. O ovo pode sobreviver em média um ano “no seco” e, assim que entrar em contato com a água, dentro do seu período de durabilidade, ele pode seguir seu ciclo. Esse fator, ligado ao descuido da população, explica a dificuldade de erradicar o mosquito.

O mosquito transmissor da dengue tem hábitos residenciais devido à sua preferencia pelo sangue humano - Foto: James Gathany/CDC