Vânia Natal de Oliveira

Era manhã do dia 25 de dezembro de 1962, José de Oliveira, o Maestro Zezinho, entoou notas de felicidade quando a sua amada Alvarina Viana de Oliveira trouxe ao mundo Vânia Natal de Oliveira. O pôr do sol no morro do Cristo, visto de casa no Bairro Rosário, foi mais bonito naquele dia.
Hoje mãe orgulhosa de Alysson e Vívian, ela foi estudante da Escolinha da Caixinha D’água do Cruzeiro, depois do Grupo Escolar Pio XII, que ficava no MAJ, ao lado da Matriz São Vicente Férrer, e da Escola Normal, “quando não havia grades”, e graduou-se na Escola de Biblioteconomia do Unifor.
A vizinhança como família na alegria, na tristeza e na fartura são lembranças marcantes. Passar pelas casas sem muros, subir nas árvores nos quintais, ver a banda de música no coreto da Praça Ferreira Pires e ouvir as suas alvoradas quase de madrugada são imagens, sons e paisagens que não saem da memória. Os olhos brilhavam com a beleza das lojas em épocas de Natal, o Bazar Guri era um atrativo irresistível. Os rituais das missas e a celebração da Semana Santa reforçavam a fé e respeito aos cultos cristãos.
“As visitas à Fazenda da Charqueada com sua enorme varanda e imenso pomar. Admiráveis eram a Myrtes e seus pais, Seu Dico e D. Guiô, que recebiam eu e minha mãe na fazenda, conversavam horas a fio. O deslumbramento das princesas e rainhas do Congado no Cruzeiro. Como eram esperados os desfiles de 6 de junho e 7 de setembro. Momentos de extremo prazer na Lagoa do Dr. Ari e na cachoeira de captação do Saae; as festas durante as exposições agropecuárias, correr para fugir da garoa da fonte luminosa na Praça São Vicente Férrer que se movimentava com o vento. O grito animado e criativo dos jovens do Tiro de Guerra, as matinês de carnaval e os bailes no Clube Centenário; ficar por horas na biblioteca pública lendo Monteiro Lobato e as matinês do Cine Glória com minha mãe. Para enumerar os saudosos momentos de prazer que vivi em Formiga seriam necessárias horas e mais horas, folhas e mais folhas de papel”, é assim que Vânia fala de seu tempo em sua terra natal.
Hoje morando na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, quando se aposentou como bibliotecária-documentalista, ela se foi de Formiga em 1991 para seguir a profissão na Capital Federal. A vida profissional a levou para o sul do país, depois de morar em Brasília, Juiz de Fora e Lavras.
Sobre voltar para Formiga, Vânia Natal de Oliveira sentencia: “Claro que sim”. Tenho muita saudade e respeito pelos formiguenses, os quais sou muito agradecida pelo que representaram em minha vida – nomearia milhares, mas ainda assim, correria o risco de esquecer alguém que, talvez nem saiba o quanto um gesto, uma palavra ou uma atitude foi importante para a minha concepção de sociedade e amor pela cidade, além de destacar a minha formação moral, herança de pai e mãe e meus antepassados”.